Páginas

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Outra do Baú das Copas

EFECampeão da Copa do Mundo de 2002 (coadjuvante). Bicampeão Espanhol (estrela maior). Campeão da Copa das Confederações. Campeão da Liga dos Campeões da Europa. (Estourou de novo, com a ajuda de Belletti). E aí chegou o grande momento.

No auge, no ápice de sua carreira, Ronaldinho Gaúcho sucumbiu e vive, de forma inacreditável, o primeiro grande fracasso de sua carreira. Ronaldinho levou daquelas cacetadas que lembram uma porrada destra de Mike Tyson na época de ouro do boxeador norte-americano. A Copa da Alemanha frustrou, no mínimo, 50% do planeta terra que esperava delirar com a genialidade do menino de Porto Alegre. Ronaldinho lembra a seguinte situação: Convide uma criança para brincar! Ela pula, corre, sobe, desce, joga bola, canta, enfim, brinca. Uma criança quando está fazendo o que gosta dentro do seu habitat natural faz tudo o que sabe sem pensar nas conseqüências – com graça, beleza e inocência – o que de melhor pode fazer. Pensemos agora numa criança que no seu habitat é a melhor do mundo. Seu parque de diversões seja o Camp Nou, estádio do Barcelona. Ali ela pula, corre, dribla, chuta e joga bonito como se estivesse no intervalo ou nas horas vagas de uma escola pública.

Ronaldinho Gaúcho encontrou na Copa da Alemanha a sua reunião de pais. Todos os 180 milhões de professores, tios, paquera da sala e pais de seus amiguinhos estavam ali na arquibancada tirando a criança “Ronaldinho” do seu habitat. Esse Mundial não foi o quintal da sua casa ou um parquinho infantil. Como uma criança acuada, o jogador enfrentou o olhar taxativo e crítico de todos aqueles que esperavam o melhor futebol do mundo.

A cobrança era ainda maior – e ele sabia disso – porque sua propaganda foi muito bem feita em todos os cantos do planeta. Mostraram para o mundo que ele era o melhor e que dos pés dele viria a glória. De repente um coleguinha se sai melhor! Kaká, de origem oposta a de Ronaldinho, enche os olhos das professoras e dos pais presentes, apagando a imagem do garoto que, desesperado por mostrar o que sabe fazer, começa a se aprofundar no erro.

Nesse momento não é só a pressão dos olhos da platéia, mas também um outro menino que, menos aclamado, aparece do nada e rouba a cena. Historinha que retrata da forma mais fiel possível o momento de Ronaldinho Gaúcho. Chegou a ser comparado com Pelé, mas em Copas o desfecho da tragédia é um verdadeiro mistério.

Zidane, herói e vilão das últimas duas Copas respectivamente, voltou a sambar em cima do futebol pentacampeão, mas Ronaldinho sabe que pode mudar esse contexto cruel do futebol. No ‘vestibular’ da bola, ele já mostrou que basta ser feliz. Esperamos que em 2010 ele traga o canudo e que sua graduação venha carimbada com seis estrelas.
Colaboração: Leo Morelli

Nenhum comentário: