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quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Metrô ou Cateterismo?

by Glenda Torres Mais alguns metros, mais alguns buracos. Nesta quinta-feira, 09/08, tivemos mais uma surpresa com as obras da linha amarela, do metrô de São Paulo. Moradores se assustaram quando passaram pela Rua dos Pinheiros e se depararam com um enorme buraco de 1,5 metros de diâmetro, tomando a rua. É impressionante que uma máquina vinda da Alemanha, um corpo de engenheiros muito bem remunerado e anos de estudos não consigam evitar ou prever tais acidentes.

Quanto mais tempo passo perdido em meus pensamentos, aqui, sentado na poltrona do ônibus, parado, olhando pela janela e vendo o engarrafamento, mais certo estou que São Paulo não teve uma adolescência saudável.

Como células que se apertam para passar em artérias congestionadas, os carros vão se espremendo pelas ruas esburacadas e mal cuidadas. Estamos sofrendo um enfarto. São Paulo está enfartando.

Nossos agentes de trânsito navegam suas sondas pelas ruas a procura de obstáculos que o tempo e os maus cuidados trouxeram. Mas, como em um corpo que faltam plaquetas, faltam projetos para cicatrizar de vez estas deformações. São Paulo pode parar.

Um cateterismo! Assim, podemos chamar o novo metrô. Uma máquina que vai abrindo vias, dentro do peito da cidade. Na intenção, o desejo de melhorar o fluxo, por onde possam correr mais corpos e anticorpos e diminuir o engavetamento das células.

Mas, São Paulo fuma! Milhões de cigarros e charutos que prejudicam o ar. Deficitária, a atmosfera que envolve a cidade precisa alimentar os órgãos e organizações responsáveis por gerir esta cidade. A Terra da Garoa engorda! Incha e fica superlotada com o êxodo do retirante do emprego, da fome e da cultura. De todos os lugares e de todas as necessidades, aparecem pessoas em busca de um sonho. Quando na verdade, antes é que estavam dormindo.

Cadê a saúde São Paulo? Como um velho que abusou dos prazeres durante a vida, a cidade cresceu desfrutando e se cansou. Agora, colhe os frutos podres de uma juventude sem regras. Frutos de um tempo em que não se pensou na gordura das ruas e nos carros entupindo as artérias.

O que São Paulo espera? O que você espera de São Paulo?

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