
Quanto mais tempo passo perdido em meus pensamentos, aqui, sentado na poltrona do ônibus, parado, olhando pela janela e vendo o engarrafamento, mais certo estou que São Paulo não teve uma adolescência saudável.
Como células que se apertam para passar em artérias congestionadas, os carros vão se espremendo pelas ruas esburacadas e mal cuidadas. Estamos sofrendo um enfarto. São Paulo está enfartando.
Nossos agentes de trânsito navegam suas sondas pelas ruas a procura de obstáculos que o tempo e os maus cuidados trouxeram. Mas, como em um corpo que faltam plaquetas, faltam projetos para cicatrizar de vez estas deformações. São Paulo pode parar.
Um cateterismo! Assim, podemos chamar o novo metrô. Uma máquina que vai abrindo vias, dentro do peito da cidade. Na intenção, o desejo de melhorar o fluxo, por onde possam correr mais corpos e anticorpos e diminuir o engavetamento das células.
Mas, São Paulo fuma! Milhões de cigarros e charutos que prejudicam o ar. Deficitária, a atmosfera que envolve a cidade precisa alimentar os órgãos e organizações responsáveis por gerir esta cidade. A Terra da Garoa engorda! Incha e fica superlotada com o êxodo do retirante do emprego, da fome e da cultura. De todos os lugares e de todas as necessidades, aparecem pessoas em busca de um sonho. Quando na verdade, antes é que estavam dormindo.
Cadê a saúde São Paulo? Como um velho que abusou dos prazeres durante a vida, a cidade cresceu desfrutando e se cansou. Agora, colhe os frutos podres de uma juventude sem regras. Frutos de um tempo em que não se pensou na gordura das ruas e nos carros entupindo as artérias.
O que São Paulo espera? O que você espera de São Paulo?
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