
Algumas coisas aconteceram em minha vida e me fizeram tirar conclusões particulares, conclusões bem “Marianas”, a respeito da liberdade. Sempre a almejamos. Às vezes temos a sensação de que a alcançamos, e talvez tenhamos realmente a alcançado nestes momentos. Mas de repente, por mais contraditório que possa parecer, sem que possamos perceber, somos aprisionados por sua própria admissão.
Estamos, enfim, livres e por medo de perder esse êxtase momentâneo, insistimos em permanecer nessa eternidade. Só que o eterno é o conceito mais móvel, vivo e instantâneo que existe, ao tentarmos fazer com que seja permanente, o matamos. É a mesma história de sempre, temos dificuldades em viver o eterno e sacar qual é a real do nosso presente, a cada presente. O eterno emerge por meio do momentâneo, ele nada mais é do que a profundidade do momentâneo.
É! Sabe quando temos a nítida sensação de que já não dependemos de ninguém? Quando sentimos um orgulho gigantesco, pelos esforços com os quais promovemos essa condição de “liberdade” para nós mesmos? Aquele momento em que olhamos pra nós e pensamos: “Putz, enfim sou dono do meu próprio nariz!” Aí o tempo vai passando, olhamos para as pessoas que criam expectativas em cima de nós (pais, irmãos, amigos...) e percebemos que elas também aprovam nossa conquista, nossa “estabilidade” financeira, emocional, familiar, seja ela qual for; e nosso ego se infla mais. Quanto mais massageado nosso ego, maior nosso aprisionamento àquela situação.
Porque não conseguimos perceber até que ponto tal feitio nos trazia felicidade, para então o abandonarmos e construirmos algo novo. As caminhadas só fazem sentido, só cumprem seu papel, só não são perda de tempo, quando promovem a felicidade. A partir do momento que deixam de promovê-la, não importa o tempo que se passou nela, não importa o tamanho do império construído por meio dela, é preciso ter desapego suficiente para abandoná-la e assim, abrir espaço para o início de outra, que consiga suprir nosso estado CONSTANTE de felicidade.
- Peço a Deus que habita em mim SENSIBILIDADE, para perceber quando determinado caminho já não mais me faz feliz, e CORAGEM, para nunca ter medo de jogar tudo que conquisto para o alto e arriscar o novo, ou mesmo, voltar atrás e resolver algo que ficou perdido.
Sempre tentei, mas nunca entendi direito qual é a real do sentimento dos monges quando pregam tanto o DESAPEGO. Pra mim parecia algo impossível, viver sem absolutamente nada e ser sereno... Feliz... Agora, depois de escrever esse texto acho que é isso que se passa com eles. É muito mais simples ser livre, largar tudo e acompanhar as exigências da nossa felicidade, quando não se tem nada. É quando o NADA vira TUDO.
by Mari